terça-feira, 29 de julho de 2008

grandes empresas, pequenos negócios!

Imaginem que São Paulo já enfrenta, todo final de semana, 220 km de congestionamento. Tem uma média de duas pessoas por veiculo apenas... e há cidades com menos!
Imaginem o que tudo isso representa de emissão de gás carbônico, de poluição, de enfermidades pulmonares para a população. Segundo o Dr. Paulo Saldiva, professor da USP e clínico no HC de São Paulo, no inverno, quando não há chuvas, morrem 80 pessoas por semana em São Paulo, por doenças da poluição, que, se morassem em outra cidade, sobreviveriam. A maioria idosos e crianças. Mas ninguém fala nada...

Ao contrário, o governo, eufórico, vê essa expansão como símbolo de sua política econômica. Não enxerga que por trás tem apenas o lucro das empresas automobilísticas, todas transnacionais. Não vê que as pessoas estão comprando mais carros induzidos pela ilusão da propaganda sistemática na televisão. Estão comprando porque os bancos estrangeiros introduziram no Brasil, nos últimos dois anos, nada menos do que 300 bilhões de dólares, que estão financiando vendas a prazo, de ferro-elétrico a automóveis. Em São Paulo, você pode comprar um veículo zero quilômetro em 90 prestações. Taxa de juros 48% ao ano. Taxa de juro que esse capital estrangeiro receberia no Estados Unidos e na Europa: 2% ao ano.

Mas o povo brasileiro vai pagar tudo isso. Pagar os juros, que depois serão devolvidos aos bancos estrangeiros. Vai pagar com horas de estresse no trânsito. Vai pagar nos hospitais. Vai pagar com horas de lazer e de trabalho, perdidas nos engarrafamentos... tudo em nome do progresso!

Quem se habilita a falar mal?

Putz, hoje eu acordei meio de saco cheio de poluição... por isso estou poluindo o blog com duas postagens logo cedo.
Recebi o texto acima por e-mail um dia desses. Não sei da veracidade dos dados, mas sou levado a acreditar nesse esquema de financiamento. Afinal, faz tempo que a coisa é assim...

Link para o vídeo "Sociedade do Automóvel"! Muito bacana!
http://video.google.com/videoplay?docid=1608289607442109392

Procure também por um filme chamado "A Ilha Sucata" (La Isla Chatarra), da série DOCTV.

coloridodeletério

Duas "coisinhas" sobre poluição.


Rios de Petrópolis

a poluição faz rios coloridos
não é tão feia assim
como atração
reproduz
em matizes escolhidos
as belas cores da televisão

(carlos drummond de andrade)


... saco plástico de todas as cores
garrafas boiam junto da espuma
cheiro forte caracteriza
beberibe como de costume
como água, um caldo grosso, escura,
escorre como referência
como tem lixo, como tem doença
como tem lixo, como tem doença

(sentado na beira do rio - eddie)

sem comentários...
O Arquivo - Victor Giudice

No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.

joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe.

No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor.

Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.

Dois anos mais tarde, veio outra recompensa.

O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial.

Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento.

Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança.

Agora joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou.

Prosseguiu a luta.

Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu.

joão preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.

Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal.

Respirou descompassado.

— Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor.

joão baixou a cabeça em sinal de modéstia.

— Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso reconhecimento.

O coração parava.

— Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto.

A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam.

— De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente?

Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho.

Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio.

Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas inúteis, lavadeira, pensão.

Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos prêmios.

Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.

O corpo era um monte de rugas sorridentes.

Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia:

— Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários.

O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir:

— Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.

O chefe não compreendeu:

— Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?

A emoção impediu qualquer resposta.

joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinzento.

João transformou-se num arquivo de metal.


Este texto foi publicado no Manual do Bixo do CAASO da gestão 2004-2005. Tinha o intuito de sensibilizar os calouros para que buscassem na universidade um objetivo maior, uma experiência menos instrumentalizada, menos minúscula.

Atravessamos uma época de extrema desilusão. Por outro lado, nossos precedentes também são muito recentes para declararmos a falência de nossas utopias. Hoje, é imprescindível sonhar. Sonhar com estratégia, com inteligência, coletivamente, e acima de tudo, pirar com a nossa própria fantasia.

domingo, 27 de julho de 2008

O paradoxo do nosso momento!

"O paradoxo do nosso momento na História é termos prédios mais altos, mas paciência curta; rodovias mais largas, mas pontos de vista mais estreitos. Gastamos mais, mas possuímos menos; compramos mais, mas aproveitamos menos. Temos casas maiores e famílias menores, mais conveniências e menos tempo. Temos mais diplomas, mas menos razão; mais conhecimento, mas menos juízo; mais especialistas e ainda mais problemas, mais medicina, mas menos bem-estar. Bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critério, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais, e rezamos raramente. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos coisas maiores, mas não melhores. Dominamos o átomo,mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa Aprendemos a nos apressar e não a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos corpos deformados e das pílulas que fazem tudo, de animar a acalmar, de curar a matar. Uma era que te leva essa carta em instantes, e que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'. A escolha é sempre sua."

(autor desconhecido)

Este texto é muito interessante porque me faz pensar e muito se este é mesmo um paradoxo do nosso 'momento', ou de uma 'fase', como o autor mesmo começa o texto, ou se estamos sendo cada vez mais educados e 'programados' para viver dessa maneira... com status, beleza, IMAGEM e quase nada de sentimento, verdadeiros valores, ética, caráter... será que entraremos em colapso com nossos objetivos a ponto de não sabermos mais porque temos tais objetivos? não sei até que ponto vale a pena por exemplo viver longe da família, dos amigos, das pessoas que nos olham diferente na então "Passárgada" de cada um de nós em busca de reconhecimentos por placas para expormos na estante da sala...
por que estamos com diferentes valores dos nossos pais, avós, bisavós..??? meu avô comprou o primeiro carro há anos e como ele ainda funciona, está na garagem...
o crescimento das cidades, surgimento dos grandes centros teriam influência?.. por que qto maior a cidade é mais difícil se fazer amigos??? eu já disse antes - 'os prédios, quanto mais altos, falam mais alto que nós!' - Danilo d Freitas